sábado, junho 30, 2018

Na minha varanda


Na minha varanda

Os gatos têm telhados nos pés;
Os transeuntes usam pescoços acoplados à cabeça;
E o desespero bolôra em arestas de amor.
O céu existe sonhado por homens;
E a terra é uma ilusão vivida por mulheres.

Na minha varanda extasiamos os dois;
Mas nem sempre existimos a dois.
Ora de existes tu;
Ora d existo eu.

Até que deixamos de pré-existir.

A varanda ruiu com o peso dos gatos.
Eram telhados de vidro.

My yau.



segunda-feira, junho 04, 2018

Da essência adubante

Homens feitos de merda.
Merda feita de homens.

São morfologicamente parecidas
E sintaticamente distantes.

A primeira medra no livre arbítrio.
A segunda medra no determinismo da vida.

Ambas pestilentas. Mais enferma a primeira.
Esta, pestila em consciência.

sexta-feira, outubro 24, 2014

Lar anja.

O teu mau feitio
Espreme-me
E casca-me.

Se mente...
a verdade o dirá.

Grato de ser o teu fruto.

quinta-feira, maio 22, 2014

pestana rotineira

-Escolhe um desejo!
-Já escolhi.
-Foste rápido!
-Estás aqui.
Não me acusem de sensibilidades que não tenho. Isso dói-me.

quarta-feira, maio 21, 2014

Ar mani.

O nó da gravata
reduzia-lhe o fluxo.
Primeiro de ar.
Depois de ideias.
Seguindo-se os valores.
E perdeu o valor das ideias
e a ideia dos valores.

É uma forca lenta
o nó austero
pendurado no fato.

Morreu,
 rico de vácuo

Fim.

Juros

A culpa é minha,
Não fosse eu ter-vos visto um dia,
admirado no outro e idolatrado por final.

Não precisasse eu de ter dormido contigo,
entregue a minha intimidade em baú aberto,
 luminosa que era...
Não precisasse eu... para saber
que no humos do amor
tu derretes-te em fuligem,
e tudo corróis.
Venérea enfermidade.
Viril, vil, biltre

Metal.

Medromanos

Há-de vir um dedo em riste
Dizer-vos para que nada temeis!

Dizer-vos que todo o vosso medo
da merecida punição
habita na cabeça desse dedo apontante!

Pedir-vos-á joelhoso respeito,
seguimento sofistico,
e que com isso o céu
não desabará…
sobre as vossas consciências!


Agora segui-me… que já vos direi o resto.

teísmo.

Sinto o peso torpe
de me ser claro
a teia que te tolda
considerações tolas
sobre mim.

Teça a teia o que tecer
pesar-me-á sempre
a clareza
com que isso
acontece.

!condição!

Rasga-nos,
Faz dessa greta
Um infinito abismo.

Funde-nos
Faz desta ponte
Um eriçado caminho.

Mas comigo,

Incondicionalmente comigo.

segunda-feira, outubro 07, 2013

dois dedos de pulso.



Em ritmo pulsado. A distância dilata a artéria e tudo flui furiosamente.
Tudo aflui mais rápida. Tudo chega em forma de mais a todos os sítios.
Um coração irrigado também é um cérebro combativo.
Tudo por dentro de um corpo que sente. Sereno. Hirto de certeza.

Dilatado onde cabem dois.

quinta-feira, fevereiro 14, 2013

livre osmose


Beijaram-se, uma película invisível separou-lhes os lábios. Nela cabia tudo, menos o eco fervido do que ele a queria fazer sentir. Osmose, ficou-se o doce em intenção e passou-lhe o sal. A película veste-se de um arbítrio superior. Respeite-se.
 Anoitece, como ontem e talvez amanhã.